quarta-feira, 7 de abril de 2010

CINEMA BRASILEIRO

Propostas de temáticas - características principais

1. VIOLÊNCIA URBANA

Tragédias nacionais - Início da Déc. 10


Zé Pequeno em "Cidade de Deus" de Fernando Meirelles 2002

-As primeiras produções nacionais eram apenas vistas nacionais, feitas por estrangeiros em território brasileiro.

-O primeiro filme de ficção nacional foi “Os estranguladores” 1908, baseado num crime famoso da época no Rio de Janeiro.

-Observa-se a presença da violência urbana em diversos filmes atuais baseados em acontecimentos reais (tragédias nacionais tão evidenciadas na mídia) como: Carandiru, Cidade de Deus, Tropa de Elite e Parada 174.


2. LITERATURA BRASILEIRA

Adaptação de obra/filme - Início na Déc. 10


Brás Cubas em “Memórias Póstumas” de André Klotzel 2001


-Percebe-se que desde o início da produção nacional, eram realizadas adaptações de obras literárias brasileiras, que permanecem evidentes até hoje.

-Principais inspirações: Machado de Assis, Monteiro Lobato, Aluísio Azevedo, Dias Gomes, Eça de Queirós, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Joaquim Manuel de Macedo, José Lins do Rego, José de Alencar, João Cabral de Melo Neto, Lima Barreto, Mário de Andrade, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Jorge Amado, Marcelo Rubens Paiva, Jô Soares, Chico Buarque.

-Adaptações de destaque obra/filme: O Guarani 1916, O Cangaceiro 1953, O Saci 1953 e Jeca Tatu (c/ Mazzaropi) 1959, Vidas Secas 1963, Meninos de Engenho 1965, A Hora e a Vez de Augusto Matraga 1965, Macunaíma 1969, Toda Nudez Será Castigada 1973, Dona Flor e Seus Dois Maridos 1976, Morte e Vida Severina 1977, O Cortiço 1978, Feliz Ano Velho 1982, A Hora da Estrela 1985, O Pagador de Promessas 1988, Policarpo Quaresma – Herói do Brasil 1988, O Xangô de Baker Street 2001, Abril Despedaçado 2001, Memórias Póstumas de Brás Cubas 2001, O Crime do Padre Amaro 2005, Vestido de Noiva 2006, Budapeste 2009

3. CINEMA EDUCATIVO

Governo, nacionalismo e censura - Déc. 30 - 70


“O Descobrimento do Brasil” de Humberto Mauro 1937


-Interferência do governo na produção nacional: incentivos, teor educativo e censura

-Regimes de ditadura investem na produção de seus respectivos países (Alemanha e Itália), por considerar o cinema um grande veículo de manipulação e conscientização de massas.

-Getúlio Vargas na déc. 30 contribuiu para a produção nacional, com foco em “apresentar o Brasil para Brasil” e ajudar a esclarecer a população em relação à própria história, ciência, hábitos de higiene, além de fazer propaganda política nacionalista “o governo é bom para o povo”. Criou uma série de decretos e incentivos para estimular a produção nacional e obrigar a exibição de pelo menos um curta nacional antes de qualquer sessão de cinema.

-No decorrer dos anos instituições governamentais foram criadas para controlar e incentivar a produção nacional e exibição de filmes nacionais e estrangeiros no território nacional. Ex: INCE 1936, INC 1956, Embrafilme 1969, ANCINE 2002

-Hoje não se vê filmes com teor educativo nas salas de cinema, mas percebe-se a valorização dos vídeos institucionais do governo, produzidos com qualidade e passando mensagens positivas.

-A melhor contribuição do cinema educativo foi a interferência do governo no cinema nacional, garantindo a produção, criando o incentivo fiscal (dinheiro de impostos para fazer filmes) e controlando o conteúdo que entra e saí do país, porém a censura (calar a boca) foi negativa em diversos aspectos, entre eles, o exílio de diversos cineastas e a proibição na produção e exibição de diversos filmes.


-Principais contribuições: Edgar Roquette-Pinto (educador) e Humberto Mauro (cineasta)


4. CHANCHADAS

Comédias populares – Déc. 40 – 60


Atores: Oscarito e Grande Otelo

-Após tentativas frustradas de empresários tentarem estabelecer o padrão industrial de Hollywood no território nacional com a criação de estúdios como a “Vera Cruz” e “Cinédia”, a produção nacional se voltou para outro foco - filmes com humor, de caráter popular, geralmente satirizando os filmes norte-americanos. Eram adicionados temas do cotidiano nacional, usado um teor carnavalesco e o personagem do malandro carioca.

-Com a vinda do cinema sonoro no final da Déc. 20, os musicais explodiram no mundo e com as chanchadas não foi diferente. Diversas chanchadas musicais fizeram parte da produção nacional.

-Os críticos de cinema desprezavam as chanchadas, mas eram populares e campeãs de bilheteria, por isso duraram por muito tempo.

-Os atores popularmente conhecidos como “Grante Otelo” e “Oscarito” fizeram diversos filmes juntos e são os maiores destaques das chanchadas.

-Na déc. 40 a produtora Atlântida desistiu de fazer melodramas – fracasso de bilheteria e passou a investir nas chanchadas.

- Um tipo original foi criado pelo comediante Mazzaropi, que encarnou o caipira simplório, de grande empatia com o público. "Sai da Frente", "Nadando em Dinheiro" e "Candinho" foram alguns de seus filmes de destaque.

-Na déc. 50 e 60, as comédias populares e seus respectivos artistas migraram para televisão brasileira.


Destaques: “Este mundo é um pandeiro” 1947 de Watson Machado, “Nem sansão nem dalila” 1954 de Carlos Manga


5. CINEMA NOVO

Movimento cinematográfico e estético – Déc. 50- 70


“Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber Rocha 1964


-Inspirado no neo-realismo italiano e nouvelle vague francesa

-Usava o slogan “Uma idéia na cabeça e uma câmera na mão” – mais realidade, mais conteúdo e menor custo

-Explorava novas formas de filmar com câmeras mais leves e fáceis de manusear

-Era contra o padrão industrial de Hollywood

-Buscava uma identidade para o cinema nacional

-Retratava a realidade, promovendo a reflexão sobre os grandes contrastes sociais, a fome, a seca no nordeste, problemas urbanos, cultura de massas, marginalidade, miséria e a violência.

-Uso de personagens como o jagunço, operário, imigrante, marginal, ntelectual, cidadão de classe média, político


-Principais cineastas: Glauber Rocha, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra e Rogério Sganzerla


-Principais filmes: "Deus e o diabo na Terra do Sol” e “Terra em transe” de Glauber Rocha, “Vidas Secas” e “Rio 40 graus” de Nelson Pereira dos Santos, “Os fuzis” de Ruy Guerra, “A grande cidade” de Cacá Diegues


6. OUTRAS INFLUÊNCIAS


Existem outras contribuições para o cinema nacional como os ciclos regionais, cinema marginal, cinema undigrundi, cinejornais (documentários), pornochanchada e cinema da retomada, porém as listadas são mais facilmente notadas nas produções atuais (circuito comercial).


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Percebe-se que os filmes feitos hoje, sofrem influência de todas as fases da história do cinema brasileiro. Há os filmes de caráter cômico e personagens caricaturados como Didi, Xuxa e atores globais, além da linguagem aplicada na telenovela. Há também os filmes que abordam a realidade da violência urbana no país. Filmes de baixo orçamento, financiados pela lei de incentivo fiscal e valorização da cultura nacional. Mais difícil que fazer filmes, é exibir e competir com produções financeiramente superiores, como as de Hollywood e conseguir interessar os espectadores brasileiros diante de um leque de opções unidos a falta de conscientização e mobilização da população para estimular e continuar estimulando a produção nacional.

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